Na real, o macho morre acidentalmente. É que ao terminar de depositar os espermatozoides na genitália da fêmea, ele
faz uma retirada brusca e quebra seu aparelho reprodutor (bulbo). “Não é sempre que ele perde o bulbo, mas, quando isso acontece, morre por perda de um fluido vital: a hemolinfa. É como se a aranha morresse de hemorragia”, explica Paulo Goldoni, especialista em artrópodes do Instituto Butantan.
Apesar de não matar o parceiro, a reputação de assassina da viúva-negra(Latrodectus mactans) vem do fato de ela se alimentar dele após o acasalamento. A fêmea não faz por mal, apenas se aproveita do cadáver do amante para repor a energia gasta na cópula.
Apesar da fama, a viúva-negra não é culpada pela morte de seu parceiro sexual
1. O ritual de acasalamento começa com o macho marcando presença. Ele chega de mansinho e, com uma das patas, balança a teia. O gesto provoca uma vibração, que chama a atenção da fêmea
2. Para aumentar o interesse da viúva-negra, ele joga teia nas patas dela. Os mais exibidos cortam pedaços da teia e a refazem em seguida. O ritual pode durar até que a fêmea se entregue totalmente
3. Quando aceita a presença do parceiro, a viúva-negra permite que ele suba nela. Eles ficam de frente um para o outro, com ele olhando para o abdômen dela. É que o bulbo copulador fica na cabeça do macho, e o epígeno (a genitália feminina), na parte baixa do abdômen
4. O bulbo espiralado é introduzido na genitália feminina para espalhar espermatozoides. Logo após a fecundação, a fêmea põe os ovos dentro de sacos de seda construídos por ela. “Uma viúva-negra pode ter até 40 filhotes de uma vez”, revela Goldoni
5. Se for retirado bruscamente, o bulbo quebra. Quando isso acontece, omacho perde muita hemolinfa, líquido azul com função semelhante ao sangue dos mamíferos. Não se sabe se isso ocorre por descuido ou pela intenção de bloquear o acesso de rivais à genitália da fêmea
6. A morte é tão rápida que nem dá tempo de escapar da teia. Ao perceber um animal morto em casa, a fêmea aproveita o alimento fácil e traça sem dó para repor a energia gasta na transa. Embora existam aranhas canibais – não é o caso da viúva-negra –, elas geralmente comem outras espécies
DOMINADORA
A fêmea da viúva-negra é cerca de três vezes maior que o macho. Um sinal em forma de ampulheta na barriga é marca registrada da viúva-negra e de outras espécies como a viúva-amarela e a flamenguinha
JANTAR EM FAMÍLIA
A aranha-caranguejeira, sim, merece a fama de assassina. Em alguns casos, após a cópula, a fêmea enrola o amante na teia e guarda os restos mortais dele para servir como primeira refeição aos filhotes, cerca de 60 dias após o acasalamento
USOU, PERDEU
Cada tipo de abelha tem uma função. A rainha vive para botar ovos, as operárias produzem mel e os zangões fecundam as rainhas – mas a vida deles não é mole. Depois da transa, o órgão genital fica preso na abelha-rainha e se rompe, levando o zangão à morte
PERDENDO A CABEÇA
Depois de transar, o louva-a-deus fêmea agarra o parceiro e o devora vivo, começando pela cabeça, na maioria das vezes. A refeição garante energia para que ela construa ootecas (lugar em que deposita os ovos) mais resistentes e com capacidade para mais ovos
APETITE SEXUAL
No jogo de sedução da aranha-de-costas-vermelhas (Latrodectushasselti), vale tudo. Para transar, o macho posiciona o abdômen perto da boca da parceira, deixando que ela o coma durante o ato sexual. Esse sacrifício ocorre em 65% dos acasalamentos da espécie
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